perto do Precipício
a berma insinua-se como margem
subtilmente tentando
tentado passo
Suicidários abismos
de
horas irrelevantes
confrontando
o erro errante
Chagas casuais
Permanecendo
Tempo
Perpetuidades corrompendo
Infinitesimais
próximo do Abismo
o corpo vacila
subtilmente preparando
vazo espaço
Evocando sob as orlas
imorais
rezas
impúdicas súplicas
circunstantes transparências
Abissais representações da renúncia
Imbuindo incêndios
em
incessante deflagração
Impondo refúgios
de
pronominal nomeação
face à Falésia
a queda anuncia-se
subtilmente predizendo
Fim
Talvez um ato iniciático, um novo começo para o menino que era homem e que agora o homem deve voltar a ser menino, a ter os sonhos de menino, a levaza do menino.Ele quer o Fim: das desilusões, das contradições, dos açoites à alma, do trago amargo no vinho... Talvez agora, só agora, Ícaro seja mais prudente: nem tão perto do sol nem tão perto da terra, nada de extremos, mas o meio, o seguro, sem ser insosso... e voe sem cair... Teu poema me trouxe algo à alma que só quem está à beira do caos, sem saída, pensa em como criar asas e voar. A personagem do teu poema tem sentimentos mais que humanos neste mundo tão desumano. É a nossa mitologia. Belíssimo amigo, profundo, fundo do mar. Parabéns e bjnhos
ResponderEliminarA perdição esconde-se
ResponderEliminarEm lodosas águas de florida vegetação
Teme o passo,
Segue o corpo
(em confronto ao erro)
Espinhos sem hora de ser
Espaços Sobre espaços
No medo da “queda”
As palavras soltam-se na verdade
Apagando a chama…
que retorna
(chamando abrigo)
Frente á “muralha “
Chega a hora …
Um poema curioso …
Que se adensa por todo o verso,
Bela tua poesia!
Gostei imenso, como sempre.
Beijinho
Perante a impossibilidade, ganha força a possibilidade do abismo...
ResponderEliminarSempre tão denso, Filipe!
Abraço
Abissal a poesia que aqui leio!
ResponderEliminarBeijo
Este poema é a expressão viva da arte,a voz da arte é
ResponderEliminarprovocativa,enigmática,perturbadora e fica impregnada em
nós,ecoando... Foi assim,com este teu poema,ficou ecoando em
mim,a cada leitura minha,crescia o seu mistério,a sua força e
os caminhos abissais representados no código da palavra...
Viver é um grande risco... A cada dia escolhemos renovar,
e nunca antes de "uma boa morte do mundo" e os abismos,os
precipicios e as falésias,todos se apresentam no seu grau
de diferente obstáculos,que testam a nossa pulsão de vida
e pulsão de morte(Eros e Thanatos) e a nossa força fica frente
a frente com o nosso medo num duelo,melhor mesmo é num bom
tango a celebrar a vida...
Poeta,a tua arte é maior,onde sempre estou mergulhando!!
Bjo.
A estética do poema, é um convite para experimentarmos os (des)caminhos traçados, idas e vindas (e findas), estradas que se quebram, se fragmentam, e se bifurcam perto do precipício: abismo ou falésia? Já não existe mais tempo, as chagas já não resitem mais, ante a deflagração do incêndio, que ocupa todo o espaço, vago, vazio (?) de uma definida presença.
ResponderEliminarEnquanto tu focas em algo real (?), para nós o poema transcende explicações... E vou e venho na engenharia do texto, tentando me equilibrar entre as linhas, nas quais fui fazendo uma escansão e cada vez mais convicta da sua identidade literária... Ninguém sai da sua poesia do jeito que entrou, ninguém!
(E saio murmurando: O precipício pode ser um poço profundo, cuja berma tanto liberta como aprisiona).
Beijo, Filipe!
abismos são sempre suicidários
ResponderEliminarpor vezes também o poema
:)
Alguém, ao longe, observa o fim. Depois, lentamente, o seu olhar fixa-se noutras paisagens. Os fins entrecruzam-se, permanentemente, com os começos e com os durantes. Simplesmente são fim. Tão só.
ResponderEliminarAbraço
Será que a mente é naturalmente suicidária?
ResponderEliminarSerá que a essência, supostamente algo imaterializado, o contraponto desta tendência?
Será que os abismos são naturalmente mais atraentes que os terrenos planos?
(Talvez não seja por acaso que as tragédias são mais “voyeuristas” do que as comédias, sendo que estas também podem acabar em atrativas tragédias…)
Já te tinha lido; hoje, relendo, surgiram-me estas reflexões – sobre os aspetos formais já sabes que os analiso primeiro, assim como sigo o teu tracejado mental…
Touché!
Bjo, meu amigo :)
Filipe,
ResponderEliminarEstamos tantas vezes perto desse abismo que tão bem retratas.
Bj
Nanda