domingo, 24 de março de 2019

IMORAL


Dezasseis mil seiscentos e sete  
Corpos submergidos   
Imersos num ondular sepulcrário
Caídos no subsolo submerso
Onde se quedam esquecidos 
Sepultados no mediterrâneo de um mar tumular

Dezasseis mil seiscentos e sete  
Almas flutuantes da própria fé privadas
Deambulando perpetuamente por uma escuridão líquida
Desprovidas de apropriada luz

“Mare nostrum”, fúnebre berço europeu
“Mar branco do meio”, sitiado entre terras de esperança
Acolhe em teus braços, delicados corpos imersos
Dilui em vítreas águas, submersas lágrimas 
Alumia nessa fluida contraluz, a devida vigília  
Acalenta numa corrente incandescente, a insurreição necessária

Dezasseis mil seiscentos e sete legítimas expectativas ceifadas
Dezasseis mil seiscentos e sete sonhos cessados ocultos

Dezasseis mil seiscentos e sete
Corporizando a ignomínia humana