sábado, 5 de abril de 2014

O Traço Vert|cal de um Círculo Inacabado




Do tempo | vasto | a mais sucinta ilusão |                        


A ordem das coisas é catastrófica
E incógnita é | sua dispersa disposição

A causa das coisas evola-se em sua intangibilidade
Assim | insondável | permanece a procedência que causa

E assim permaneço | num cíclico ressurgimento
No traço | vertical | de um círculo inacabado


O pretérito é princípio | na incerta medida do passado que lhe sucede
| No antepassar da desordem que | ordenadamente | o persegue

No interior de um círculo inacabado |
concebe-se | circuncêntrica | irregular espiral

Numa dialéctica fragmentária |
o tempo tangencial descreve-se numa infindável circunferência
                                                          | infinitamente fragmentada
                                                          | dubiamente tangente


| Do tempo | devastado | o mais longo rasto |


Procedo de uma idade procedente 
Subsisto | num deslocamento inerte
Na perenidade | remota | de uma demora circular
No crítico reordenamento do tempo | inevitável | 


14 comentários:

  1. Amigo, Filipe:

    O tempo,o espaço ... o relógio que de atrasado confere azar ... que de adiantado nos coloca antes do lugar ... minhas ternas e eternas "obsessões" paixões ... num poema "inevitável" em versos de todo o tempo - passado, presente e futuro.
    Abraço.

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  2. Das eras uma visão (miragem)
    A desordem é ordem e vice-versa
    Um mistério vasto,
    Como um Universo intangível
    Um mundo oculto…
    Um mundo etéreo, que se divide
    Em tudo o fomos e seremos
    Como uma linha que traça

    Aliás como tu próprio escreves:
    “No traço | vertical | de um círculo inacabado”

    Inacabados são todos os pretéritos
    Por não podemos mudar nenhuma circunstância

    O que acaba recomeça como maré
    Ou o dia e a noite
    Ainda que seja sempre diferente cada caminhar
    É sempre uma continuidade

    Vivemos várias vidas na mesma
    Deixando histórias, marcas
    Memórias

    Avançamos contra nós mesmos
    É inevitável para uma cíclica continuação
    Para uma plena continuação em construção
    Interior
    E um novo sonho

    Um poema denso, filosófico
    Que entra dentro de todos as eras
    Até uma nova.

    Tua poesia inspira sempre
    Fazendo-me demorar sobre ela.

    Gostei imenso!

    Beijinho


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  3. Um poema que vai para além de todos os tempos e de todas as palavras. de todas as vidas que tivemos ou teremos.
    Simplesmente...sublime.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  4. "A ordem das coisas é catastrófica
    E incógnita é | sua dispersa disposição" - Verdade, se até o Big Bang foi caos!
    Belíssimo poema!
    Um abraço

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  5. Felipe, passei por aqui e me deparei com seus escritos.Poema, que a cada verso nos traz a necessidade de refletirmos sobre o Universo, que é também o universo de nossa vida.É um poema que nos leva a transcender, nos leva além deste tempo aqui, na Terra. Gostei. Tenha um lindo dia.Abraços!

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  6. No traço vertical a cor do poema inacabado
    i
    d
    d
    e
    s

    que serão algarismos aleatórios na circunferência do caos.

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  7. Poeta

    Hoje passando para desejar uma Feliz Páscoa , plena de amor e paz, junto de todos que te são queridos.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  8. Não me esqueci do teu blogue. Cá virei para comentar como gosto. Ainda não tive aquele tempo que reservo para os teus poemas. Não quis deixar de te desejar um ótimo domingo dePáscoa.
    Bjo , Filipe

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  9. Um poema de profundidade e complexidade filosófica,

    que permeia o verso numa inquietude questionadora do tempo,

    como paradigma existencial.

    Vejo a verticalidade como metaforicamente um traço

    singular na dança da mandala do universo...

    Assim, a tua marca poética hipnotizante ecoa, Filipe!

    Bjo, Poeta.

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  10. " E assim permaneço | num cíclico ressurgimento
    No traço | vertical | de um círculo inacabado"

    A vida é mesmo isso... Um círculo inacabado. Sempre perfeito, querido.

    Beijinho.

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  11. Talvez um dos poemas de cariz mais filosófico, quase silogístico.
    Detenho-me no 1.º verso: apesar da vastidão do tempo, a ilusão dele mal se aflora à (nossa) mente.
    Partindo do princípio de que há uma certa ordem das coisas, interroga-se, o sujeito poético, sobre a causa do caos da desordem, considerando que as coisas que tomamos como verdades, se movem numa circularidade, como se foram ciclos (caso das estações do ano).
    Não fora a ação do Homem e talvez a desordem que alguns fenómenos (a cada dia se descobrem novos dados sobre o Universo, reduzindo-nos à nossa ignorância) causam , se regenerasse de per si.
    Um poema em que também se pode fazer uma leitura que remete para o transcendental, para o que será sempre intangível à nossa compreensão …. (Confesso-me completamente leiga nestas matérias. Estou-me sempre a surpreender com descobertas sobre este Universo).
    Da estrutura do poema, apenas direi que cada vez mais atentas nos pormenores, ensaiando traçados, apurados, abrindo caminho a novas “coreografias” na arte poética.
    Sempre um prazer e um desafio a tua poesia,
    Bjo, amigo Filipe :)

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  12. Magnífico!!!

    Tanto que aqui foi dito...

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  13. A mais sucinta ilusão vem do vasto tempo,
    porque em mim, a ordem das coisas é catostrófica, desigual
    e sua disposição é uma incógnita sempre dispersa.
    A causa das coisas é intangível e insondável é a sua procedência...
    Eu sou a que procede
    A tudo que foi bom
    A tudo que fez bem
    A mim e assim
    Permaneço,
    ressurgindo,
    círculo inacado...inacabado círculo.
    O príncípio que vive na incerta medida do pretérito.
    O princípio que sucede ao passado.
    Esse antepassar da desordem que ordenadamente me persegue.

    Sou o interior de um círculo inacabado,
    concebe-se a circuncêntrica espiral irregular, tão desigual quanto eu, tão sonhadora...cá e lá...como eu.
    Numa dialéctica fragmentária
    o tempo me descreve
    tangencial circunferência

    Numa dialéctica fragmentária |
    o tempo tangencial descreve-se numa infindável circunferência
    infinitamente fragmentada

    Procedo de uma idade procedente
    Subsisto | num deslocamento inerte
    Na perenidade | remota | de uma demora circular
    No crítico reordenamento do tempo | inevitável



    Ajeitando um pouco a ordem das suas coisas, me desnudo sem eu poético. É o que os escritores fazem com seus leitores. Parabéns, Filipe. Belo demais a tua escrita.

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