segunda-feira, 30 de julho de 2012

As Instáveis Alquimias do Verso Filosofal







«Todo o compasso tem um hiato           

Um intervalo que interrompe o tempo               

E o devolve        como espaço adverso  

                                                                   Ao verso»





As rotas são redundantes          
                                              Elipses em indeterminantes determinâncias


As derrotas são angulares          
                                              Traços em oblíqua supressão


Todo o movimento é ilusório
                                              Passo estático   em aparente progressão 







«Ambíguas são as dualidades    e as insensatas fugas


Contíguas distâncias que se formam     
                                                            quando sofridos             sopram os ventos





                                 
Interrompendo o tempo

I  n  t  e  r  r  o  m  p  e  n  d  o       o     t  e  m  p  o  »







Utopia silenciada na sombra da palavra

A voz irrompe da obscuridade
                                                  como áspera face          
                                                                                    reinventando a raiz do mundo




O conhecimento é iminente transigência

Inconstante discordância em constante descontentamento





Todo o poema é um lugar estreito          constrangido ao lugar-comum



                                                             «No silêncio       o verso entardece»     





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17 comentários:

  1. E no intervalos dos teus poemas, a espera e a preparação para grandes emoções, assim, como todo artista se prepara para um grande espetáculo, a nossa alma também recebe um trato espiritual para receber os seus versos que nos amanhecem.

    Belo, Filipe, como lhe é peculiar.

    Beijo, Poeta!
    ;)

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  2. Bons ventos esses...que de intervalo em intervalo, nos trás seus versos.
    Bjos.

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  3. A tua poesia ocupa um espaço ímpar... As palavras

    alquimicamente provocam revoluções interiores, desnudam a

    superficialidade dos sentidos e rearrumam os

    significados mais profundos e paradoxais do Ser-Estar

    no vazio do mundo.

    A tua poesia,amigo,é um todo preenchido de um brilho

    eterno,renascida a cada leitura pelo o fascínio ao incomum...

    "Todo o compasso tem um hiato

    Um intervalo que interrompe o tempo

    E o devolve como espaço adverso

    Ao verso."

    Feliz fico toda vez ao ler-te!

    Bjo.

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  4. Mas escreve-se um poema no tempo...Porque o tempo tem que ser interrompido para brilhar com sonhos e fantasia...
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. Nada é definitivo.
    Não é definitiva a opacidade da sombra
    ainda que o tempo envelheça
    cá dentro
    e os olhos caminhem devagar.

    Carisma e excelência são aqui,
    na tua poesia.

    Obrigada, Filipe :)

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  6. O tempo que interrompe o tempo
    os espaços inversos ao caminho
    todas a rotas são como barcos deixados ao vento,
    difusas que emergem na obscuridade,
    duas ruas escuras incertas
    onde o sonho é vela,
    revelando inscritas sombras,

    Sem luz nenhuma palavra se vê
    Esmorecem como “colhida rosa”

    Mais uma vez, ou será sempre?
    Sim, é sempre, tua poesia excepcional que faz viajar pelos espaços
    da imaginação.
    Adorei.

    Beijo amigo

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  7. Todas as rotas apresentam espaços que o poeta preenche para o deleite de seus leitores. Lindo! Bjs.

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  8. «No silêncio o verso entardece»

    A tentativa de calar as palavras é infrutífera...mais tarde ou mais cedo elas soltam-se e agrupam-se alheias à nossa vontade mas em consonacia com o que sentimos, e nessa amalgama de letras , criteriosamente ordenadas faz-se luz...faz-se alma. O verso entardece no silencio, porque o barulho afugenta-as!

    Beijinho Filipe , mais uma vez rendida a este espaço.

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  9. Um poema que nem cabe comentar... fico presa
    em admiração. (sou fã)
    bjs

    Vania Lopez

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  10. Constata a palavra, numa beleza sublime.
    Muito bom lê-lo!
    Abraço
    cvb

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  11. O tempo, que num tempo cantado
    noutro, perplexa a voz que o cala
    Que o recolhe e embala
    Em palavras, no circulo encantado...

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  12. Poeta

    Cada palavra é o som de um violino dedilhado silêncios sem memória na espuma das horas e diluindo-se nas mãos do tempo...no eco dos muros.
    Muito dificil comentar o que se deve sentir.

    Um beijinho
    Sonhadora

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  13. Somos assim, seres inquietos, presos a qualquer indício do tempo, em constante (re)construção de conceitos...
    A sua poesia é motivadora.

    Abraço

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  14. "A voz irrompe da obscuridade
    como áspera face
    reinventando a raiz do mundo"

    Rompendo silêncios se constroem novos mundos.

    O verso é a forma que dá novas formas ao poema, e o poema atinge a dimensão desejável para abrir novos caminhos às palavras que ainda não se ouviram nem viram a escolher o lugar certo para ficarem...

    Talvez este seja o lugar ideal para elas se reinventarem com novas formas, sempre que te entregas a elas desta forma exacerbada mas desejada.

    Sempre um prazer ler-te

    beijo

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  15. Vim retribuir a visita, Filipe. Que beleza tua poesia! Seguindo... Abçs, Nydia

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  16. Já li duas vezes, salvo erro. Quando voltar, comentarei...
    Parafraseando-te
    "No silêncio
    as palavras amadurecem"

    Bjo, POETA!

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  17. O que me ressaltou em primeiro neste teu poema foi o jogo de palavras pelo uso da repetição de algumas sílabas e/ou consoantes, assim como versos antitéticos, em sequência crescente ou decrescente em termos de semântica (como o grafismo bem patenteia) em detrimento da mensagem fosse ela mais ou menos explícita.
    Infiro que fizeste um exercício mental propositado: um poema na sequência (ou em consequência) de pensamentos aninhados em versos/poema.
    Um poema arte, este!
    Um poema que se me afigura figurativo. Como tal, contemplo-o como se de uma pintura mágica se tratasse.
    Título perfeito!

    Já sabes o que penso da tua poesia/arte...

    Bjo, amigo Filipe

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