sábado, 23 de outubro de 2010

A Queda




Não fales

Nada digas

Nem uma palavra sequer

Queda teus lábios cerrados

Assim  se  quedam  os  meus



Não olhes

Não toques

Não

Não sopres fragrâncias           d´ estio

Queda teu corpo em estátua

Assim  se  quebrará  o  meu



Não escrevas

Não cantes

Não

Não declames do sonho        o verso

Queda mudo teu mundo

Assim  ensurdece  o  meu



Não segredes lugares

Não contes das margens verdejantes

Nem dos vales coloridos        onde plano

Queda teu sonho turvo

Assim  se  escurecesse  o meu



                                                                                                                                 .

5 comentários:

  1. Simplesmente maravilhoso.

    Não segredes lugares

    Não contes das margens verdejantes
    Nem dos vales coloridos onde plano
    Queda teu sonho turvo
    Assim se escurecesse o meu

    Senti como se fosse meu...lindo.

    Beijo
    Sonhadora

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  2. Em ascenção uma dor (a tua) que me deixa muda e queda.
    Expectante que o teu silêncio se transforme em musica.

    Pianíssimo o teu choro guardado.

    (Espero por ti, no momento em que o verso gritante, rompa a madrugada dos segredos. mesmo que não digas nada.)

    Outro dos mais belos, que te li.
    Porque será que a dor num lamento mesmo surdo, agita os meus sentidos, sempre que te leio?
    Inté Jazz

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  3. Um apelo para que a partir da atitude do/ outro/a, o sentimento de cá esmureça!
    Sim, um apelo para que a dor de cá páre, porque o sentimento é tão vasto que devasta. E o pedido para o fim de tudo, de todos e tantos sentires, permite a sobrevivência e a caminhada diária.

    Belo poema que nos possibilita inferir de acordo com a nossa própria dor e sentimentos mais profundos.
    Obrigada pela ida ao Canto, volte sempre que quiseres, será um prazer.

    ;)

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  4. DO PONTO à escuridão, entramos noutra dimensão!
    Para onde seguira o próximo poema?

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  5. Não há rumo que arrume o que roma, fausta e depravada desarrumou, não há quem possa alçar vôo com a ave que voou, apenas resta a desilusão, mirando pela fresta a solidão que impesta a vida, pútreda ferida exposta em vão pelo simples gosto de observar mundos em colisão.

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