As sombras invadem um mundo como hordas semblantes
Povoam abandonados espaços
Apossam-se na escuridão da
escuridão da luz errante
Em taciturno caos avultam-se decrépitas figuras
Silhuetas de destituídos contornos
Esbatidas no retraçar de um símbolo
inscrito em infinitos círculos
Cingidas as sombras
agigantam-se inclinam-se sobre o
corpo abatem-se sobre a face
É íngreme o caminho conducente à ascensão
A nocturna vigília do pranto oculto das sombras
As sombras apoderam-se da razão como hordas errantes
Avolumam-se no obscurecimento da memória
Apartam da luz a luz semblante da
escuridão
Iluminadas as sombras são
labaredas insanas
Silhuetas esparsas de um fogo
Incêndios ocultos no corpo
Inquieta é a noite que se estende num sibilar de vento infame
Débil é o desígnio ocluso que se sente silêncio impronunciado
Silenciadas as sombras
arrastam-se contraem o rosto desabam sobre o corpo
Árdua é a crisálida do monocroma de uma lágrima
Na nocturna vigília do pranto oculto das sombras
.
Perfeito como sempre Filipe. Um bom ano! Beijinhos.
ResponderEliminarpoema-diamante
ResponderEliminarprazer em forma de leitura!
forte abraço
Em todos nós habita uma ou várias sombras... Saibamos abrir a porta à luz...
ResponderEliminar"Árdua é a crisálida do monocroma de uma lágrima
ResponderEliminarNa nocturna vigília do pranto oculto das sombras"
Gostei muito deste lugar da crisálida, tanto que parece uma fotografia, ou um quadro em exposição quando me sento em frente dele e me debruço lentamente em direcção ao hipnotismo.
Obrigada!
A imagem com a qual ilustras o poema, caiu em mim como uma teia de aranha, cujas sombras deformam a geometria do traçado, um emaranhado de sentimentos, de confusos pensamentos, um não saber para onde ir, e porquê ir.
ResponderEliminarComo se o caos interior não bastasse, há ainda um complô da natureza para insuflar, para alimentar a inquietude vivida no interstício do dia e da noite; no espaço da sombra e da luz; naquele sibilar do vento, que amiúde irrompe o silêncio negror, com ínfimos focos de luzes, como se estivesse a dizer, que em algum outro lugar do planeta, estão fazendo a leitura do diário do tempo... E a mortal agonia do processo de transformação da crisálida, está terminando.
Um poema que nos liberta de nós mesmos, que alimenta a nossa imaginação, nos move rumo à outras interpretações, e sempre alicerÇado na filosofia, e que eu amo.
Eu me atreveria a dizer que, " A Nocturna Vigília do Pranto Oculto das Sombras", resultou em parte, de uma interpretação quase autoral e seminal de uma certa "Inquietude"
Senti saudades de vir aqui, e a ausência foi necessária, dorida. Sofri. Mas estou de volta.
Um beijo!
Em tempo: que 2014 seja um ano com mais alegrias, feliz você, Filipe, sempre que possível!
ResponderEliminarNeste teu poema, a complexidade,a densidade e a genialidade de
ResponderEliminarcomposição literária,melódica e filosófica são surpreendentes.
O poema leva-me a vários olhares:
- As sombras manisfestam-se na escuridão, invadem espaços
de fragilidades aparentes, sendo urgente a "a nocturna vigília
do pranto oculto das sombras"...
- Sombras vestidas do esquecimento da obscura memória
e dicotomizada razão...
- A lágrima no seu percurso libertador, evoca o sentir
ao caminho que ascende a luz...
Ler-te é uma experiência indescritível, diante da tua escrita que
proporciona um mergulho abismal, além dos
significados e significantes...
Por isso, grata Filipe!
Bj.
como sombras que perseguem
ResponderEliminarnos espaços quase sem espaço
onde emerge a chama
(tambem a luz é sombra
tambem a sombra pode ser luz no traço exato)
quando o caminho é percorrido
e as sombras se esbatem umas contra as outras
nas labaredas são como espelhos
mudos rostos
que correm em labiríntico espaço
porque na noite nasce uma crisálida sem cor
sem voz.
onde há sombra
( tambem a sombra mostra o caminho da luz)
um poema onde a razão é procurada,
esventrada,
entre o invisível e o visível
como sempre,
nas tuas palavras
caminhos poéticos que nos dão imagens surpreendentes.
beijinho
O que dizem as sombras?... Talvez que a luz está perto...
ResponderEliminarUm abraço
Querido Poeta
ResponderEliminarQue a luz rompa a escuridão por onde as sombras gostam de caminhar.
Um poema que vai para além das palavras. Sublime.
Feliz 2014
Um beijinho
Sonhadora
Não é por acaso que se costuma dizer que até da própria sombra se tem medo.
ResponderEliminarEste é um poema em que as palavras chave sombras – escuridão/noite deambulam pelos espaços ocupando-os com danças fantasmagóricas como se fossem almas penadas ou carpideiras de mortos-vivos. Versos de visões, quase pesadelos, quase labirínticos.
Conforme o espaço, a direção, a luz, assim a sombra nos disforma (lembrei-me de Platão…), tornando-nos tão imperfeitos! Ainda não há muio escrevi algo ligado às sombras, mas longe, muito longe desta excelência.
A sombra, metáfora do carrego do peso do corpo…
Adequadíssima e precisa escolha vocabular numa projeção semântica que cria a complexidade da tua própria criação.
Repetitivo dizer-te que é um prazer ler-te. Talvez já o não seja se te disser que é sempre um desafio intelectual!
Bjo, amigo Filipe
Sombras de luz
ResponderEliminarAs sombras... os fantasmas que abocanham o ser sem escrúpulos ou piedade.
ResponderEliminarabraço
cvb
Até que enfim que dás novidades tuas,gostei de ler esse teu poema!! Eu te desejo um fantástico ano de 2014,tudo de bom para ti. Muitos beijinhos,fica com deus e até breve!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt
ResponderEliminarNosso lado negro que nos invadem num crescente e se agiganta sobre nos, em negras noites...ou dias.
ResponderEliminarBelo poeta!
Beijos e um final de semana pleno de inspirações!
Que poderei dizer mais, para além do "mais", que me leva sempre a lugares tão perto e às vezes tão longe do Ser verdadeiro. Talvez exista um dos lugares mais verdadeiros que se conhecem, desde o nascer do Sol, talvez seja esse o lugar onde nos encontramos de mãos dadas, apesar dos círculos fechados, escuros e pesados. Mas há sempre um caminho em direção à luz. Nos teus poemas, há muito para descobrir e viagens intermináveis num mundo infinito de cor, movimento e saber. Beijinhos
ResponderEliminar"Apossam-se na escuridão da escuridão da luz errante..." a força dessa imagem que tu construiu, Mestre, é avassaladora. A "luz errante" que consigo leva o que haveria de nos iluminar... Repito: tu é um dos maiores poetas vivos com que Portugal brinda ao Mundo.
ResponderEliminar