Não
te sentirei num poema só
Estiveste
sempre acima do verso
Pertíssimo
da plena plenitude
Assim
debruçada sobre o precipício
(…
um beijo à noite na palma da mão …)
Eras
a mãe-menina saltitando pela moldura
no
rebordo de um mundo enclausurado anteriormente
O
movimento que rasgava o horizonte para além do infinito
A
luz incindindo radiosa sobre eu-criança
(…
um beijo à noite na palma da mão …)
“Cinco
espaços”, “Seis momentos”, sete medos e mais versos
Tua
voz fluindo pelas falésias sublimes
Nove
meses vezes três
Teu
corpo incorporando noutro corpo corpo teu
(…
um beijo à noite na palma da mão …)
Aquietaste
os emudecimentos trémulos da fragilidade humana
Desdizendo
a subversão frenética desta terra
Resististe
à desordem indigna com a candura dos poetas
Sossegando-a
em teus braços
(… e um beijo à noite na palma da mão …)
Por vezes a
vida evade-se em brasa incandescente
Subsistindo
ardente à aflição do retorno
Resistente
somente à impossibilidade do tempo atrás voltar
A
vida é inviável
quando a tristeza que comove ternamente nos enlaça
Para além do tempo um poema é quase nada
Nenhum
de nós te sentirá num poema só
Mãe-Metáfora
(…
um beijo à noite na palma da tua mão …)