Cedo cedi ao mundo as madrugadas E à
noite me entreguei em sombra.
Do mundo queria todas as utopias Todas
se perderam Cinza na ruína dos dias.
______________________E
assim, que fazer de mim?________________________
Apavora-me O
ruído das fontes O marulhar das
horas O gotejar do tempo
Passando impassível Sem me olhar
Sem escutar meu grito Sem tocar
meu choro.
________________E
assim, que fazer de mim?________________
A idade decompõe-se. Fracções. Instantes.
A memória multiplica os dias.
Lugar semi-breve Marcado em mim.
O espaço-tempo converge
e colapsa.
Sufoca-me
O Espaço.
Excede-me O tempo.
Não
sou mais
que um
ponto
.
S
O
N
H
O
.
.
.
Como areia escorrem letras,
Estilhaços. Versos de vidro e de aço.
Instável O solo que sustem os dias.
Volátil O chão que suporta os passos.
Este tempo que me torna Palavra de pedra
Ânfora quebrada Desalinhado linho.
E _____ s ____ t ____ r ____ e ____ m ____ e____ ç _____o.
Como se fosse tempo Recém-chegado,
Como se fosse dor Recém-nascida Em
permanentes águas.
Bago de uva sem rosa Meu
corpo-urze.
Aro de fogo circular Cingindo meu redundante pensar.
_______________________E
assim, que fazer de mim?_________________________
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