Estão desertas as praias da Normandia
estão desertas e vazias
Agora, na linha da frente erguem-se retiros sobre o asfalto
e aqueles que entre nós deram nome à bravura
Quando um sopro é um dedo preso no gatilho
quando respirar ressoa como o silvo de uma bala
quando febril é a ferida que sufoca a esperança
quando respirar ressoa como o silvo de uma bala
quando febril é a ferida que sufoca a esperança
Nós fechados, trancados, esperando, aguardando, guardados
As mãos apartadas à distância de um abraço
As mãos apartadas à distância de um abraço
O medo propaga-se por contágio
Contagiando o próprio medo
Até que um medo oposto se erga acima dos escombros
Contagiando o próprio medo
Até que um medo oposto se erga acima dos escombros
Na frente confronta-se a morte inútil
aqueles que entre nós deram nome à coragem
com o corpo defendendo corpo outro
assegurando
que a vida subsistirá acima da morte
Ao destemor um tributo
Num poema à distância de um
abraço
Mas o medo também estimula a superação, a criação, a busca para contê-lo.
ResponderEliminarAinda que "à distância de um abraço".
Poema profundo que nos leva ao centro de nós mesmos, das nossas ações, quem somos e o que queremos.
A pena do poeta sempre a traçar linhas e caminhos desconcertantemente exatos.
Beijo, Filipe!
:)