sexta-feira, 24 de abril de 2015

A SUPERFÍCIE PLURAL DA VOZ



Um inaudível silêncio inicia o precipício de um poema irrespirável

Ignorando da palavra a sua íntegra rasura 
Precipito a formulação de um verso inescutável
Sentindo, num único compasso, a superfície plural da voz

(Difícil é respirar (ardentemente) fraccionando a proporção do ardor)

Um intangível silêncio prolongando o princípio da irrespirabilidade
Suposta sobreposição de silêncio-silêncio, intermitentemente prolífero

Um silêncio inanimado no princípio passado de um informulado amor
  


4 comentários:

  1. Relevante a negação que perpassa no poema, bem presente no uso de prefixos que remetem para um estado de quase asfixia.
    Viver num sufoco existencial, traduzido num silêncio que é voz, é condição inata de um poeta GRANDE, como tu!
    BJO, amigo Filipe :)

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  2. Ruídoso é silêncio
    De um lugar sem caminho
    Com uma voz muda ao final da encruzilhada
    Não se divide as pétalas de uma só rosa
    É sufocante a palavra que sufoca sem verso

    Um poema com conclusão,
    gostei muito
    beijinho

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  3. Que interessante construção poética, muito bem elaborada!

    Tenha um ótimo fim de semana..
    Um grande abraço.

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  4. A distância atroz de um centímetro...

    Obrigada pela partilha!

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