domingo, 17 de agosto de 2014

Um Incêndio Arde em Silêncio



«Um incêndio arde em silêncio
Ardência convulsionada no contorno de corpo nu  
Irrespirável vestígio em crepitante surdina
Cinza incandescente contraindo inconstante esquecimento»

Marcar o verso lineal do pós-poema  
No sibilar de um nome sem anseio incerto
No enfrentamento do rosto que nos confronta

Dissentir a récita incessantemente repetida
O infausto chamamento de um verso-invernia

Percorrer no corpo o corpo do tempo
Segmentando do vento um sopro visceral

Negar o negro soberbo
Iluminando o território irregular do obscurecimento

Firmar num recém-tempo a neo-memória 
Num sofrido temor de furtivo futuro


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5 comentários:

  1. "Percorrer no corpo o corpo do tempo...". Sublime! Um poema, Mestre, com a marca de tua genialidade. Belíssimo.

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  2. Um fogo por circunscrever
    Rosas de lava caem como palácios de areia
    O fumo não evapora…
    Junta-se com a neblina, formando uma densa nebulosidade

    É noite e não se dorme
    É dia e o sol não nasceu

    No silêncio há lagoas que se formam
    Que inundam toda uma terra,
    Outrora conquistada …

    Porem toda a terra fustigada fortalece

    É tempo de circunscrever a densa neblina
    Deixar os raios desfazer o negro-cinza do horizonte

    (Toda dor é chama
    Toda a chama enegrece
    Mas toda a chama se extingue)

    Teu poema inspira; trás com ele a dor, a renovação
    (e algo que nunca pode escapar)
    A esperança

    Numa beleza que só tu tens nas palavras.

    Beijinho

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  3. Um fogo é silencioso mas, sente-se. Dizem que as árvores quando ardem choram e os corpos? Ao percorrer o teu poema revejo-te e isso é sempre bom! Beijinhos

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  4. "Um incêndio arde em silêncio"

    Um título poético de uma beleza imagética grandiosa!!

    Toda explosão vem de uma implosão que queima

    silenciosamente na nudez da alma, contornando o corpo

    na sua jornada no tempo...

    Bjo.

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  5. Há, de facto, silêncios que nos reduzem a cinzas e, como tal, ninguém dá por nós, seja por insensibilidade, seja por egoísmo. Pior ainda será a indiferença pelo ser pessoa que se desertifica com a erosão dos tempos… Obscuros, sim, cada vez mais…
    Deste poema, amigo Filipe, penso que só tu saberás do seu nascimento. Eu fiz esta singela leitura. A maestria do léxico e o conhecimento extensivo da sua semântica, tornam a tua poesia uma raridade.
    E sei que gostas de usar as palavras construindo jogos de sentidos…
    Ler-te é apreciar a arte das palavras. Parabéns!
    Beijo, Filipe :)

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