«Um incêndio arde em
silêncio
Ardência convulsionada no contorno de corpo nu
Irrespirável vestígio em
crepitante surdina
Cinza incandescente contraindo
inconstante esquecimento»
Marcar o verso lineal do pós-poema
No sibilar de um nome sem
anseio incerto
No enfrentamento do rosto
que nos confronta
Dissentir a récita
incessantemente repetida
O infausto chamamento de
um verso-invernia
Percorrer no corpo o
corpo do tempo
Segmentando do vento um
sopro visceral
Negar o negro soberbo
Iluminando o território
irregular do obscurecimento
Firmar num recém-tempo a neo-memória
Num sofrido temor de furtivo futuro
.
"Percorrer no corpo o corpo do tempo...". Sublime! Um poema, Mestre, com a marca de tua genialidade. Belíssimo.
ResponderEliminarUm fogo por circunscrever
ResponderEliminarRosas de lava caem como palácios de areia
O fumo não evapora…
Junta-se com a neblina, formando uma densa nebulosidade
É noite e não se dorme
É dia e o sol não nasceu
No silêncio há lagoas que se formam
Que inundam toda uma terra,
Outrora conquistada …
Porem toda a terra fustigada fortalece
É tempo de circunscrever a densa neblina
Deixar os raios desfazer o negro-cinza do horizonte
(Toda dor é chama
Toda a chama enegrece
Mas toda a chama se extingue)
Teu poema inspira; trás com ele a dor, a renovação
(e algo que nunca pode escapar)
A esperança
Numa beleza que só tu tens nas palavras.
Beijinho
Um fogo é silencioso mas, sente-se. Dizem que as árvores quando ardem choram e os corpos? Ao percorrer o teu poema revejo-te e isso é sempre bom! Beijinhos
ResponderEliminar"Um incêndio arde em silêncio"
ResponderEliminarUm título poético de uma beleza imagética grandiosa!!
Toda explosão vem de uma implosão que queima
silenciosamente na nudez da alma, contornando o corpo
na sua jornada no tempo...
Bjo.
Há, de facto, silêncios que nos reduzem a cinzas e, como tal, ninguém dá por nós, seja por insensibilidade, seja por egoísmo. Pior ainda será a indiferença pelo ser pessoa que se desertifica com a erosão dos tempos… Obscuros, sim, cada vez mais…
ResponderEliminarDeste poema, amigo Filipe, penso que só tu saberás do seu nascimento. Eu fiz esta singela leitura. A maestria do léxico e o conhecimento extensivo da sua semântica, tornam a tua poesia uma raridade.
E sei que gostas de usar as palavras construindo jogos de sentidos…
Ler-te é apreciar a arte das palavras. Parabéns!
Beijo, Filipe :)