«O verso constrói clausuras
Espaços retidos num tempo
Claustros de errático temor
Alongando infundadas esperas»
O mundo colapsa sepultando os versos
Fissurando a voz em ruínas
O desespero não se diz
não
se escreve
não
se canta
Espreita
No vermelhar raiado que avisto neste espelho
O corpo colapsa aluindo nas veias
O sopro em ruínas
A agonia não se escuta
não
se ouve
não
se entende
É voz detida no tempo
Como a quimera trespassada que distingo neste nevoeiro
Anoitecem tardes frias
Anoitecem velhos ritos
Anoitecem irrefreáveis fervores
Somos do sonho
A tentativa
A hipotética via
O desentendimento
Dissoluções esféricas na métrica de um verso
Infâmias
Possa o tempo afastar as palavras contaminadas
As destrua reconstrua e as devolva intactas
Ao poema que te precedeu
O mesmo verso que constrói clausuras, é o que constrói amplidões e liberdades, o verso e o infinito!
ResponderEliminarEsses versos espelhados, que reverberam os sentimentos, que alheios ao sofrimento, não sabem de quantos sonhos foram desfeitos, refeitos, nas letras, nas silabações, nas frases, nos versos, na vida que faz re-surgir no poema... Sua poesia detém o tempo, e me detém (indefesa, refém), diante de tanta beleza, aqui no seu claustro poético..
Bravo, Filipe, um beijo!
;))
Olá, Filipe :)
ResponderEliminarObrigada por este grande poema, um poema-sopro da alma, sentido em cada palavra, na agonia de um espelho em ruínas.
Este é o meu poema, a voz de um tempo detido no tempo.
Muitos, muitos parabéns por esta obra magnífica e também pelo enorme prazer que certamente tiveste ao escrevê-lo.
Obrigada, obrigada :)
Beijo
Um poema avassalador, que imprime uma sombra que ecoa ondas de gritos
ResponderEliminarrefeitos de memória e dor...
O mundo diluído em tempos de esperas,que se fazem noites clausuradas...
O verso reconstrói em um único tempo-vida, a beleza e o lugar essencial das
palavras que caminham ao rio fértil: Poesia!
Estava tão saudosa de ler-te,a tua poesia ocupa um lugar único na arte maior. É
muito especial para mim,contactar com esta grande arte.
Belíssimo e tocante!!
Bjo.
Como retido num espaço passado
ResponderEliminarComo verso já escrito, e relido
Assim é a memória
Que relembra, os dias
Agora sonhos afundados
Entardecem as primaveras
Ilógicas histórias no tempo do sonho
Que o verso volte a ser, como era.
Um poema, de dor de lamento.
Tormento que amarra.
Um tempo passado, que não passou
As memórias
Desconfianças
Que ferem como corrosivas palavras.
Mas também como prece.
(que pede que volte ao tempo antes…)
Como sempre, ler-te é um prazer.
Tua poesia, têm algo que prende o leitor.
Que nunca se cansa de reler.
Mais do que belo! Teu poema!
Beijo :)
Um poema emocionalmente desconcertante... intenso!
ResponderEliminarUma boa noite e congratulo-o pelo seu espaço!
Alexandra
Como se ao espelho se desmoronasse a ilusão... Numa dor sem tempo. Sempre o tempo... Enormíssimo, meu caro amigo!
ResponderEliminarSem querer te enclausurar, Filipe, você é poeta. O poeta.
ResponderEliminarBeijo.
Filipe,
ResponderEliminarApesar de tudo, por mais que o edifício rua, haverá sempre uma flor a irromper por entre as pedras...
Abraço
Mas que se continue a sonhar, apesar das ruínas e se reencontre a palavra...
ResponderEliminarObrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta
Apesar de ler e reler, não sei bem o que considerar...Esmaga-me a poderosa semântica logo na 1.ª estrofe. Sinto uma espécie de "esmagamento" do ser, um aniquilamento. Contudo, também vislumbro uma espécie de tábua de salvação na reversão que palavras poderão ter como salvíticas mum poema a acontecer...Nem tudo está perdido. Perdoa se não consigo ser original; esse atributo pertence-te...
ResponderEliminarBjo, Filipe :)