Versos d´ Incerteza
terça-feira, 31 de janeiro de 2023
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
domingo, 18 de abril de 2021
QUEBRA-SE UM PRECIPÍCIO CAINDO
Precipitando o corpo decaído
Fragmentando
a queda nos braços
Abre-se
meio veio e súbito verte vermelho
Disseca-se
a dor nas fracções subcutâneas de um grito
Por
dentro inscrevendo a cicatriz à memória lembrando
Perpetua-se
a pedra perfurante
Parte-se
a perda partindo
Suspende-se
a porosidade dos passos interrompidos
Alongando
o andamento lento de um tempo sanguilíneo
Quebra-se
um precipício caindo
Ultrapassando
a dimensão terrena
Permitindo
que perdure interiormente
Parte-se
a perda partindo
Esculpindo
no precipício os alicerces do movimento
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Um beijo à noite na palma da mão
Não
te sentirei num poema só
Estiveste
sempre acima do verso
Pertíssimo
da plena plenitude
Assim
debruçada sobre o precipício
(…
um beijo à noite na palma da mão …)
Eras
a mãe-menina saltitando pela moldura
no
rebordo de um mundo enclausurado anteriormente
O
movimento que rasgava o horizonte para além do infinito
A
luz incindindo radiosa sobre eu-criança
(…
um beijo à noite na palma da mão …)
“Cinco
espaços”, “Seis momentos”, sete medos e mais versos
Tua
voz fluindo pelas falésias sublimes
Nove
meses vezes três
Teu
corpo incorporando noutro corpo corpo teu
(…
um beijo à noite na palma da mão …)
Aquietaste
os emudecimentos trémulos da fragilidade humana
Desdizendo
a subversão frenética desta terra
Resististe
à desordem indigna com a candura dos poetas
Sossegando-a
em teus braços
(… e um beijo à noite na palma da mão …)
Por vezes a
vida evade-se em brasa incandescente
Subsistindo
ardente à aflição do retorno
Resistente
somente à impossibilidade do tempo atrás voltar
A
vida é inviável
quando a tristeza que comove ternamente nos enlaça
Para além do tempo um poema é quase nada
Nenhum
de nós te sentirá num poema só
Mãe-Metáfora
(…
um beijo à noite na palma da tua mão …)