sábado, 1 de novembro de 2014

OBVIAMENTE BAUDELAIRE



Feéricos fumos formam fulgentes formas 

E os versos, em frenesim, formam mundos artificiais



São trechos tecendo a trama de um tempo aditado

Estrofes expostas expondo uma aliteração asfixiante



São silabas convergindo à sombra de um sofrimento sublimado



Um clamor lírico suspenso na inércia

Um verso verbalizando tal sentir apavorado



Ditos paraísos são terras irreais

Desejos químicos desdizendo a mente

Pérfidos risos rindo perdidamente



Júbilos expelindo do desespero a dor

Metafísicos medos de um temor transcendente


Confrontos opondo-se num opulento desencontro



Fulgentes fumos expandem etéreos espaços

Precisamente absurdos, absurdamente divinos

Idealmente ideais



Ditos paraísos são terras surreais

Delírios de loucura irresistível

Volúpias imateriais de convulsa devassidão



Rapsódia de um tédio luminante

Ofuscando


A clarividência é tão insuportável...




6 comentários:

  1. Sempre presente a musicalidade na tua poesia, como que compondo uma sinfonia fonética…
    Cansa-te a repetição. Reinventas formas, espaços. Tens consciência desta fuga mas precisas destes paraísos mentais, uma evasão (con)sentida. Um poema na senda do simbolismo – título bem adequado.
    Na verdade, ter a capacidade da clarividência faz estragos na sanidade mental.
    (Aqui há dias li algo que vem a propósito, embora não tenha fixado; tento reproduzir a ideia: pensar muito leva à loucura ou é a loucura que faz pensar.)
    Como sempre, leio-te num emaranhado de sentires…
    Bjo, querido amigo :)

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  2. Um nevoeiro inebriante
    Onde os sentidos se atordoam
    Onde os sentidos tocam outras dimensões
    Um sentimento de quase-visão
    Um quase tocar do etéreo
    Que se desfaz como nuvem
    Numa repentina realidade

    Uma inspiração, inspiradora
    Resultante em um poema metafisico
    Que adorei ler

    Perfeito.
    Belo.

    Beijinho



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  3. bem óbvio, obviamente Filipe.
    bom te ler de novo.
    bjo.

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  4. Um poema que nos transcende, de uma subtileza, que nos faz voar nas asas do sonho...
    Bom fim de semana e um abraço....:)

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  5. A maravilha mora aqui.

    A tua escrita seduz e inebria.

    Obrigada, Filipe.

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