quinta-feira, 31 de maio de 2012

Jardins de Jade







À margem do tempo  
                  
Além do firmamento


A metamorfose das horas


Sussurrantes ambrósias são nascentes primordiais




Âmbulas de água

Clepsidras coloridas

Ampulhetas invertidas


Todas as fecundas fontes são enigmas iniciais





«Um sopro         e uma sépala de prata
Perene              o pólen protege a entrada
Selene              aguarda»






Extensas são as planícies             Plenas

Plenos são os planaltos                Extensos




    São de jade os jardins

    De jade e de jasmim




São secretas terras       Vastas searas em safiras semeadas  
                                                


São recriadas Eras       Safras colhidas     Recolhidas em cristais                                 




São veios que se estendem

                                     e margens que confluem

                                                                       em rubros cursos de rubi


  


É a iluminante alquimia da cor na sua inédita tonalidade


É a madrugada que arvorece em luminosas fulgurâncias






«Um sopro sagrado      e uma pétala de prata

Um rosto em rubor       Um divino rumor            

Solenes passos dobrando rosados adros»






Sobre os tempos sopram ventos madrigais


Incandescentes desígnios em descendimento                





Ventos sobre o vento
Sussurrantes chamamentos
Evocantes coros celestiais


Agitando alturas             
Alterando altares 
Refirmando firmada morada





É o imóvel movimento das estátuas      
formando veneradas formas




São sagradas gravuras
   animadas figuras
utopias figuradas           
de forma humana



É o culto milenar da esfinge       e a inviolável candura da imortalidade  





São os primitivos ritos


É o mito restituído à palavra       como fluido intemporal


É o secular tributo do sonho      como ínsito sentido do verso




«Um sopro         e um luar de prata»


.

14 comentários:

  1. Voltarei...
    Numa primeira leitura, onde te espraias em poeticidade, um poema focado na origem ou origens...
    (veio-me à ideia a expressão "jardins proibidos", mas são eles os mais apetecidos...)

    Bjo, amigo Filipe

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  2. Um cantar complexo e luxuoso à natureza e ao tempo aonde está também presente o sonho nas mais diversas formas...
    bjos
    Manuela

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  3. Jardim sagrado, tempos firmados
    Em Lua sagrada (Luz), em beleza de jardins de Éden
    Como uma profecia onde Deusas e Deuses
    (são as personagens)
    Resistentes jardins que se erguem em sonho.
    Imortalidade do tempo
    Pureza, amor, mas também impossibilidade.

    Carregado de simbologia, mitologia.
    Uma poesia digna dos Deuses, que palavra a palavra é
    Como tesouro encontrado, encanta.

    Adorei “ver” os jardins onde a lua e as pedras
    Nascem…

    Lindo!

    Beijo

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  4. Um registo ímpar numa sempre bela construção poética.
    O âmago do Ser assim disperso e simultaneamente contido numa pureza dispersa num culto milenar, a esfinge de que somos o que pensamos.
    Absolutamente inesquecível!

    Parabéns.

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  5. Os enigmas da origem dos tempos;as horas em sequentes

    mudanças;a existência envolta em coloridos mistérios e o

    indivíduo(persona) em esfinge indecifrável...

    Os versos soprados na intemporalidade dos sonhos em

    jade realidade.

    Belíssimo, profundo e enigmático!!!

    Bjo.

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  6. Gostei...
    poesia com sabor
    com cor
    com odor.

    bjo

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  7. Gostei muito da metáfora das horas...o tempo e as palavras saboreadas em descontinuidade harmoniosa desse movimento de frases que não se alinham.

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  8. Olá, amigo poeta! E "Todas as fecundas fontes são enigmas iniciais" e todos os enigmas são palavras querendo falar, rostos por se iluminar. Belíssimo poema, onde cada verso traz uma reflexão em si. Gostei muito, parabéns!

    beijinhos

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  9. Poeta

    O tempo é como o vento...leva as nuvens e deixa os sonhos que perduram para além do tempo...em imagens que acendem todas as lembranças...que guardam todos os silêncios onde gravámos todos os passos...Sublime como sempre ler-te.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  10. Que primor! Sublime! Encatador!
    Bom fim de semana, bjs!

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  11. Ual!
    Que delícia de formato
    e de conteúdo.
    Seguindo seu blog,
    não posso me perder daqui.
    Bjs

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  12. Porque estava a escutar, enquanto te lia e relia, num desfrute pleno de emoções.
    http://youtu.be/VTw-gndzqII
    (Ilya - Bliss)

    ...E porque os relógios parados sustêm a respiração do tempo.
    e és poema marginal soprado pelo luar prateado
    ...solene o momento em que te escuto os passos
    ...jasmim suspenso do jardim que cabe no teu peito de poeta maior que o sonho
    um

    b
    e
    i
    j
    o

    ResponderEliminar