sexta-feira, 30 de março de 2012

O Traço Convexo do Tempo Arqueado




I.

«O tempo é um abismo
Um sismo repartido entre partes
O primórdio
O ocaso»


II.

Do princípio
Remanesce a memória


A melancolia das pétalas
pousadas          

A fragilidade dos trevos             
 ciciados

O traço convexo do verso          
arqueado


Sibilando envelhecidos ressentimentos
Revisitando enegrecidos momentos

Como evanescente clarão          em escurecida luz
Como irrecusado retrocesso      a desconexo lugar




III.

A poente
A memória remanescente


A perpétua invariância dos dias             
em repouso

A subtil indeterminância da hora
constante

O princípio da incerteza
                                                                             
Sem amanhã    ausente a manhã será


Incontestada é a decretada arbitrariedade
Assim como incontestável é a sua relatividade



IV.

«O tempo é um sismo
Um abismo sem alterância
Um acaso
Uma circunstância»



.

15 comentários:

  1. Cada ponteiro do relógio torna-se
    Mais pesado em compassado segundo
    O princípio é crepusculo
    (escassa luz que depressa desvanece)
    Fica a memória dos primeiros sorrisos
    A linha curva que volta ao que era.
    Memórias como flashes
    Confusas
    Lugares conhecidos,desconhecidos.
    Onde por vezes os olhos relembram o primeiro olhar
    No relógio caem todos os ponteiros.

    sentido teu poema em sentida dor,mas belo.


    Beijo

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  2. O tempo, esse que inaugura o mundo, os primórdios de tudo, é o mesmo que abala, que causa tremores, desconhecendo acasos, criando as circunstâncias.
    Tempo e memória, isso que nos faz e fazemos desde a ancestralidade e faremos até depois da eternidade... até depois do infinito.

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  3. Querido amigo,
    "O tempo é um abismo"
    Entre lacunas de instantes,inscrevem-se lembranças,que seguem os momentos...
    "DO PRICÍPIO
    Remanesce a memória"
    História em construções,o tempo no rio-vida que corre todos os seus fluxos...
    "A ponte
    A memória remanescente"
    Os dias,marcado pelas horas,que seguem em infinita relatividade...
    O poema inscrito,na infinitude da beleza enigmática,registrando atemporalidade existencial.
    Profundamente,sentidamente muito belo,ecoando na alma...
    Bjo.

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  4. Mesmo sabendo ser ele um abismo, transitamos sem observá-lo, envoltos nesses acasos e circunstâncias. De tudo, resultam as lembranças. Bjs.

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  5. Olá Filipe!
    O tempo exerceu e exerce um fascínio sobre mim cuja extensão e consequência nas palavras escritas é inquantificável...Na Transversal do meu relógio era um blog que pretendia reunir um conjunto de textos em que os relógios eram denominadores comuns a todos.Enfim, viemos aqui(sim, plural, porque estamos juntinhos neste comentário como em tudo o resto na vida.) dizíamos que, viemos aqui para escrever sobre ti e não cessamos de falar de coisas `nossas`... tuas ... tal é a admiração que nutrimos por ti... é em nome da mesma que queremos fazer-te um convite para uma reunião poética (de meia dúzia de autores, daremos mais detalhes por outra via).Os nossos parabéns e nossos agradecimentos pela tua poesia e pela partilha.O ABraço encontra-se ao centro do arco, mesmo aí,na parte mais IN DENTRO da curvatura do sentir.

    Abraços e beijos

    Jorge e Dani

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  6. Quase que apostava já ter comentado. mas deve ser das vezes que li:-)) e porque ando com a mania que a terra pode parar e o tempo deixa de existir:-)

    Mais a sério e com esta musica de fundo ao reler-te (The Czars, Where the boys are)

    http://youtu.be/8z7mGKEntL4

    sempre te digo que___________o princípio da incerteza debate-se nos acentos circunflexos ode pairam abutres.
    _____e também que__________o acaso é matemática, por isso nunca coincidente com o abismo.Talvez com o sismo.A relatividade avança o amanhã de tardes que por vezes amanhecem à noite, em princípios de olhares ternos, olhares de gestos suspensos__________nalgum buraco negro.

    (tanta coisa para te dizer, que para além do belo grafismo, e de poemas dentro do poema, és_______invencível.
    B
    e
    i
    j
    o.

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  7. A eternidade....escondida...num remoinho...
    No espaço....no tempo...
    Boa Páscoa...
    Beijos e abraços
    Marta (WAF)

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  8. Poeta

    Hoje passando para desejar uma Páscoa Feliz e cheia de amor e paz, junto de todos que lhe são queridos.

    Beijinhos com carinho
    Sonhadora

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  9. Em breve (penso eu) voltarei para reler e comentar.
    Bjo :)

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  10. Saudações quem aqui posta e quem aqui visita.
    É uma mensagem “ctrl V + ctrl C”, mas a causa é nobre.
    Trata-se da divulgação de um serviço de prestação editorial independente e distribuição de e-books de poesia & afins. Para saber mais, visitem o sítio do projeto.

    CASTANHA MECÂNICA - http://castanhamecanica.wordpress.com/

    Que toda poesia seja livre!
    Fred Caju

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  11. Olá amigo Filipe,

    “O tempo é um abismo”
    Grande demais para uma vida
    Quando tomamos consciência desse absoluto
    Dessa força que nos comprime e remete insignificantes
    Ao momento em que nos conhecemos e percebemos o nosso tempo
    Talvez por isto tenhamos esta necessidade
    De manter presente o nosso passado e o nosso futuro
    Como meio de estendermos ao máximo a nossa presença
    E a nossa passagem através desse tempo absoluto
    Assim construímos pontes
    A memória, como ponte para o passado
    A imaginação, como ponte para o futuro
    O teu poema. Imenso. Absoluto.

    Abraço

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  12. O tempo é essa questão indecifrável na vida do mundo aonde poderá ter presente num olhar, numa palavra, num verso, ou num poema, um mar de acontecimentos de todas as índoles.
    Parabéns pela melodia centrada numa retrospetiva a um "elemento
    tão luxuoso dos dias atuais"...
    bjos
    manuela

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  13. Meu caro, Filipe,

    o tempo é um Momento, que permanece no (enquanto) e logo desvanece, desse Momento (entanto)... restam as lembranças.

    Abraços meus!
    Jorge Humberto

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  14. O tempo, o teu leitmotif central na tua poiética. Por conseguinte, vários ângulos te são percecionados e clamam o tua original reflexão versificada. Um iniciar que me evoca o apocalítico, ligando a semântica do abismo ao ser humano e a do sismo à(s) teoria(s)da formação do mundo. Neste tempo, que é de de séculos, é transposto em verso,como se de uma ampulheta se tratasse, marcando as horas,que numa memória que funciona como impulsos elétricos, são apenas flashes e como tal extremamente rápidos. O tempo é abstrato (já o disse num poema), sendo visível pelo que nos é dado observar, pelas memórias, pelas marcas e porque há medidores...E tudo é cíclico e quase dicotómico (séculos, anos, meses,dia/noite-estações do ano, luz/escuridão...).
    "Do princípio" - "A poente" (tu próprio, marcas essa dicotomia...).
    Terminas com algo mais "humanizado", no sentido em que os acasos as circunstâncias "ditam", frequentemente rumos...
    Eis uma leitura possível.
    Mas, mais do que a leitura possível, está patete a tua inteligente versificação.
    Bjo, amigo Filipe

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  15. Corrijo: repito a preposição "de", linha 4; patente (quase no fim)

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