terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O MAIS PROFUNDO ABISMO



Partir longe           perto do mais profundo precipício
passamos uma vida (quase inteira) à procura do Amor

Uma vida (quase inteira)       desconhecendo
o ardil proveniente do pré-conceito original

Vivemos no interior de um poema (prometido)
Deslumbrados em seu esplendor (conceptual)
Ignorando sua evidente desordem 
Sem perceber que todo o verso tem um propósito
E seu (primordial) intento é prender-nos por dentro


Partir longe        pertíssimo da mais longínqua ruína

Lentamente   uma árida realidade irrompe   (sempre)
E   de repente   a luz é insuficiente
Quando  incessante   sucede a vez e a espera
Enquanto o tempo se distende   em vésperas
Enquanto  descrente  o corpo sucumbe ao rumor ausente


Partir longe        antecipando o mais abrupto abismo

Vivemos incansavelmente no interior de um poema (prometido)
E um fogo quase extinto alumia tal frágil utopia

                                                        uma vida quase inteira

3 comentários:

  1. Posso ouvir, ao ler, uma voz em tom grave recitando-me cada sílaba de cada verso e, o dito, toca meu espírito como se ele fosse tangível. Parabéns pelo O Mais Profundo Abismo.

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  2. A luz é sempre insuficiente...perante o profundo abismo. Parabéns pela escrita. Aplauso gigante para a POESIA.

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  3. Que profunda suavidade! Encantada...

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