domingo, 23 de julho de 2017

Não Raro o Rosto


A demência invade o pensamento lentamente
Vagarosamente agarra seu lento vagar
Induzindo demente seu próprio esquecimento

O entorpecimento é sempre algo lento -
Dissolve luz e sombra,     data  nome  lugar                              

Não raro o próprio rosto


Progressivamente o mundo resta irreconhecível
Imperceptivelmente incógnito
Irreversivelmente desconhecido

Desune-se o gesto, descoordena-se o corpo –
o movimento fica desconexo
Desordena-se a linguagem e a voz se embarga –
a utopia é um delírio incoerente

Esquece-se o mundo que de nós se esquece

Não raro ocultando o rosto

                                                                                                                 

1 comentário:

  1. "Progressivamente o mundo resta irreconhecível
    Imperceptivelmente incógnito
    Irreversivelmente desconhecido"

    Este mundo, caro poeta (posso chamá-lo assim? Caso não, perdoe-me) é o precipício que está sob meus pés; e aos teus também? Como é a tua intensidade? Através de teus versos eu me resto à idealização utópica; esquecendo-me do mundo que de mim se esquece, fundindo-me a ti dentro do plano ideal.

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