quarta-feira, 27 de maio de 2015

DO AMOR IMPOSSÍVEL



Do amor impossível diz-se invisível sua inevitabilidade

Como te dizer deste amor intransparente, que, sendo evidente, visível não é
Como incandescer tal translúcida chama

O amor é sempre imprevisto, sempre surpreendente, sempre-sempre indeclinável
Como negar a incerteza que se oculta na tua necessidade

Sinto-te num sonho profundo, memória num tempo-porvir, espera sem sequer suceder

Do amor impossível diz-se visível sua impossibilidade

Da descrença e das suas invisibilidades ocupam-se os passos das sombras
Num desvendar de névoas desnudo tua claridade, corpo-contraluz contendo minha densa escuridão

Do amor impossível digo ser visível sua inevitabilidade

Como contradizer este luminar sentir
Como extrair a rara luz da luz exacta


5 comentários:

  1. Olá, Filipe.
    O amor impossível, mas inevitável. Talvez não seja para contradizer...

    abç

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  2. Impossível é não ficar emocionada diante de um poema com
    uma dimensão descritiva magistral que nos envolve e embala
    na beleza melódica e na ímpar inspiração de um tema (sentir)
    que com este teu poema ocupa um lugar raríssimo na
    contra-mão da mediocridade, um poema extraído da luz exata
    inscrito e refletido de infinitude...
    Adorei, Filipe!
    Bjo.

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  3. Para quê contradizer o amor? ;)

    Abraço

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  4. Queremos sempre o inalcançável
    O indecifrável

    Como explicar que a chama pode ser “vendaval”?
    Explosão
    Luz

    É sempre imprevisto o tempo que está por chegar
    É sempre sonho
    Inegável

    Inegável que um jardim pode florir em escuro lugar
    Do impossível digo, Claridade

    Sempre um prazer, ler-te
    Beijinho

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  5. Do Amor Impossível
    Uma abordagem muito interessante !género dissertativo) à temática do amor, no que à sua invisibilidade diz respeito; na verdade, como todos os sentimentos, o amor sente-se e, por si só, será invisível; serão os gestos, as palavras, os silêncios (…) que o farão visível.
    Admirável jogo de palavras, conferindo musicalidade, sustentando, a par, a beleza formal. Depois, as tuas perguntas retóricas a baralhar o leitor deixam a mente a matutar… Mais um deleite!
    Bjo, meu amigo :)

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