quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Insondável Distância de Um Abismo






Da sombra sou a profundidade
A raiz negra da escuridão alastrando invisibilidade

Do tempo sou o arco que se dobra
O difuso contorno de um vestígio longínquo



É insondável a distância de um abismo
O alongamento do tempo tangido num rasto invisível
                                                               progressivamente distante



Não são os séculos que nos formam
               numa narrativa de irremediável ausência

É a divergente equação de uma incerteza
                             caminhando contra o esquecimento

«Não olhes para trás   
Nunca olhes para trás
A memória é um divino inferno de horrores»



É intangível a superfície de um reflexo
             que na sombra se oculta por completo
iniciando incomum movimento
distanciando o tempo



É incalculável a extensão de um precipício
              que se mede numa escala de fissuras
na dimensão dizível de uma ruína  
                                                     brecha a brecha   
                                           na pedra rasgada



É inegável a fragmentação do solo
A segmentação irrefutável das épocas
                                  A fissura que rasga o corpo



.